sábado, 27 de novembro de 2010

Manhã de domingo, rodando pelas curvas do litoral sul alagoano, velocidade baixa, curtindo a paisagem, numa viagem que começou no dia anterior, indo de Recife a Salvador, onde passaremos uma temporada à trabalho.


Eis que em dado momento, resolvo acelerar um pouco mais e, surpresa, a moto não respondia. Não passava de 80Km/h nem com reza braba.

Apenas para posicionar o amigo leitor, antes de viajar, alguns ajustes gerais na motoca, dentre os quais limpeza nos carburadores, numa oficina em Recife. Tomei um pequeno susto na hora de buscar a moto, porque o mecânico da oficina conectou errado todas as mangueiras do carburador: botou mangueira de gasolina em buraco de ar, mangueira de ar em buraco de vácuo, e por aí vai... mas depositei minha boa fé na galerinha e aceitei as desculpas e os novos ajustes, e a moto aparentemente tinha ficado legal. E ainda me avisaram: “ela vai falhar um pouco no início por causa do desengripante/descarbonizante, mas depois volta ao normal... é assim mesmo”. Então tá... o profissional tá falando... Eu acredito.

Voltamos pois à viagem: nada da motoca passar dos 80Km/h, o que não é normal para uma Shadow 600. Aos trancos e barrancos, parei em Coruripe... nada de um mecânico que pudesse dar uma olhada. Parei em Piaçabuçu, tinha um mecânico que no entanto foi taxativo: “dotô num sei mexer nessa moto aí não!!!” Fazer o quê, né? Toquei para Penedo, agora a 70Km/h, e lá tentei de tudo oficina de carro, de bicicleta, de geladeira... nada. Eis que o dono de uma loja de autopeças que encontrei aberta falou pra um balconista: leva ele na casa de Pimbão.

Pernambucano desconfiado, achei estranho me levarem para a casa do Pimbão, mas já meio desesperado por perder uma reunião de trabalho na manhã da segunda, e sem muita opção de escolha, fui lá... Eis que batemos na porta da casa e a senhora, mãe do meu futuro amigo, veio ter a porta e, após contarmos nossa estória e alguns minutos depois, surge o cara com uma cara amassada de sono que só vendo. Expliquei a situação enquanto ele coçava os olhos, meio fechados pela claridade da rua, e ele pediu que aguardasse um pouco que iria escovar os dentes e já vinha.

Ainda com cara de sono abriu a oficina ao lado da casa, e contei minha via crucis em maiores detalhes. Desmonta carburador, limpa tudo de novo, verifica borboletas, bóias, agulhas, vamos montar. Liga a moto. Nada... mesma coisa.

E nesse desmonta-verifica-regula-monta, passamos um bom par de horas e nada da moto desenvolver.

Ele intrigado e eu preocupado.

Durante esse tempo, conversa vai, conversa vem, ele me contou do acidente que sofreu no início do ano, que o deixou mais de um mês numa UTI, dos verdadeiros amigos (e dos nem tanto assim) que descobriu enquanto esteve mal, família, viagens, negócios. Também descobri que ele é leitor assíduo da Revista Motoclubes, e que de vez em quando freqüenta alguns eventos motociclísticos em Pernambuco.

E o meu já amigo Pimbão me afirmou com a mais pura sinceridade estampada no rosto e na voz: “Não se preocupe, você hoje continua a sua viagem, nem que para isso eu te empreste minha Fazer Fz 600”. Notaram o espírito do cara? O mais puro motociclismo nas veias.

Vai daqui, vai de lá, descoberto o problema: Ao remontarem o carburador, na oficina em Recife, não recolocaram o o’ring e arruela dos parafusos que regulam a tomada de ar. Com a vibração do motor durante a viagem, o parafuso, que não estava travado, foi folgando e dando entrada falsa de ar. Minha sorte, então, é que a arruela e o o’ring da Shadow são os mesmos da Honda CG e ele tinha estoque em sua lojinha, nos fundos da oficina.

Com o problema corrigido, pude enfim seguir viagem, que transcorreu sem problemas até Salvador. Pimbão me cobrou só o preço das pecinhas, uma coisa irrisória; e um valor de mão de obra que me recusei a pagar, minha consciência me obrigou a pagar um pouco mais. Em Recife, os mexânicos que me atenderam a um preço muito maior – e de qualidade inversamente proporcional - nem de perto devem saber o que é isso.

Ah! Ia esquecendo: na segunda feira de manhã, já em Salvador, recebo um telefonema. Era o Pimbão procurando saber se o restante da minha viagem tinha transcorrido bem. Claro que era uma preocupação de amizade. Mas também um excelente pós-venda.


Mas o que me leva a contar uma simples estória de viagem, que certamente qualquer um já viveu? Foi a disposição, dedicação, caráter e persistência de uma cara simples, humilde no seu modo de ser e agir e que, como poucos, perdeu boa parte de um domingo, ajudando um irmão motociclista e, logo depois, amigo, em dificuldades. Esse espírito do verdadeiro motociclismo que todos nós em qualquer roda de bate-papo nos encontros por aí afora, tanto pregamos, mas que, na prática, tão pouco temos vivenciado.

William Pimbão, Obrigado meu Amigo. Reforço meu convite: Será um prazer recepcionar a você e seus amigos, e estaremos te esperando em Recife para o Motofolia, agora em Janeiro.

No meu retorno de viagem, passarei mais uma vez em Penedo, para - se Deus quiser numa situação mais tranquila - te dar um abraço fraterno e tomar mais umas cervejas.

Forte abraço!



Dário Leite
Allycats
allycats.pe@gmail.com

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Em Outubro, sem muito o que fazer num feriado, caíram na estrada e foram vistos perambulando pelo Sertão do Pajeú:

Depois, os Allycats foram vistos no Cemitério dos Caveiras:

Allycats no Encontro das Cidades 2010.
Foi o primeiro evento Motociclistico em que se usou o Brasão dos Allycats:

terça-feira, 16 de novembro de 2010